Uma conversa
entre avô e neto tem início a partir da seguinte interpelação:
- Vovô, por que o mundo
está acabando?
A calma da pergunta revela a inocência da alma infantil. E no mesmo tom vem a resposta:
- Porque não existem mais PROFESSORES, meu anjo.
- Professores? Mas o que é isso? O que fazia um professor?
A calma da pergunta revela a inocência da alma infantil. E no mesmo tom vem a resposta:
- Porque não existem mais PROFESSORES, meu anjo.
- Professores? Mas o que é isso? O que fazia um professor?
O avô responde, então,
que professores eram homens e mulheres elegantes e dedicados, que se
expressavam sempre de maneira muito culta e que, muitos anos atrás,
transmitiam conhecimentos e ensinavam as
pessoas a ler, falar, escrever, se comportar, localizar-se no mundo e na história,
entre muitas outras coisas. Principalmente, ensinavam as pessoas a pensar.
- Eles ensinavam tudo isso? Eles eram sábios?
- Sim, ensinavam, mas não eram
todos sábios. Apenas alguns, os grandes professores, que ensinavam outros professores, e eram amados pelos alunos. - Eles ensinavam tudo isso? Eles eram sábios?
- E como foi que eles
desapareceram, vovô?
- Ah, foi tudo parte de um plano
secreto e genial, que foi executado aos poucos por alguns vilões da sociedade.
O vovô não se lembra ao certo do que veio primeiro, mas sem dúvida, os
políticos ajudaram muito. Eles acabaram com todas as formas de avaliação
dos alunos, apenas para mostrar estatísticas de aprovação. Assim, sabendo ou
não sabendo alguma coisa, os alunos eram aprovados. Isso liquidou o estímulo
para o estudo e apenas os alunos mais interessados conseguiam aprender alguma
coisa.
Depois, muitas
famílias estimularam a falta de respeito para com os professores, que passaram a ser
vistos como empregados de seus filhos. Estes foram ensinados a dizer "eu estou pagando e você tem que me ensinar", ou "eu vou parar que estudar se meu
pai não estudou e ganha muito mais do que você", ou ainda "meu pai me
dá mais de mesada do que você ganha". Isso quando não iam os próprios pais
gritar com os professores nas escolas. Para isso muito ajudou a multiplicação
de escolas particulares, as quais, mais interessadas nas mensalidades que na
qualidade do ensino, quando recebiam reclamações dos pais, pressionavam os
professores, dizendo que eles não estavam conseguindo "gerenciar a relação
com o aluno". Os professores eram vítimas da violência - física,
verbal e moral - que lhes era destinada por pobres e ricos. Viraram saco de pancadas
de todo mundo.
Além disso, qualquer
proposta de ensino sério e inovador sempre esbarrava na obsessão dos pais com a
aprovação do filho no vestibular, para qualquer faculdade que fosse. "Ah,
eu quero saber se isso que vocês estão ensinando vai fazer meu filho passar no
vestibular", diziam os pais nas reuniões com as escolas. E assim,
praticamente todo o ensino foi orientado para os alunos passarem no vestibular.
Lá se foi toda a aprendizagem de conceitos, as discussões de ideias, tudo,
enfim, virou decoração de fórmulas.
Com a Internet, os trabalhos escolares e as fórmulas
ficaram acessíveis a todos, e nunca mais ninguém precisou ir à escola para
estudar a sério.
Em seguida, os
professores foram desmoralizados. Seus salários foram gradativamente sendo
esquecidos e ninguém mais queria se dedicar à profissão. Quando alguém
criticava a qualidade do ensino, sempre vinha algum tonto dizer que a culpa era
do professor. As pessoas também se tornaram descrentes da educação, pois
viam que as pessoas "bem sucedidas" eram políticos e empresários que
os financiavam, modelos, jogadores de futebol, pagodeiros, agiotas, traficantes, artistas de novelas da televisão, pessoas da sociedade que
ganhavam milhões, em dinheiro, somente participando de programas imorais -
enfim, pessoas sem nenhuma formação ou contribuição real para a sociedade.
ATENÇÃO: Qualquer semelhança com a situação do Brasil nesse sentido é mera coincidência.
Fotos do Google.