Fonte: folha.uol.com.br/cotidiano
2012
No interior de SP catadora cria biblioteca com obras encontradas no lixo.
A catadora
de recicláveis, Cleuza Aparecida Branco de Oliveira, 47 anos, sempre cultivou o
sonho de ter uma biblioteca em sua casa, em Mirassol (455 km de São Paulo).
Apaixonada por leitura queria poder emprestar livros a pessoas sem condições de
comprá-los.
De tanto
ver obras jogadas no lixo de escritores como Machado de Assis, José Saramago e
Érico Veríssimo, Cleuza, então semi-analfabeta, passou a lê-las e pôde, neste
ano, realizar seu sonho.
Foi
guardando livros e inaugurou a biblioteca não em casa, mas na associação de
catadores - da qual participa - localizada no centro de triagem do lixo.
O acervo
já conta com 300 títulos. Criado e administrado por 11 catadores, o espaço tem
um canto de leitura, uma brinquedoteca, uma área para discos, brechó e, claro,
os livros.
A
biblioteca não cobra pelo empréstimo das obras, mas quem quiser comprá-las há
títulos repetidos; valor: R$ 0,50 por livro. A renda vai para a própria
associação. O local também faz trocas.
"Não
tem burocracia e não precisa preencher nada. Alguns levam para casa e outros
optam por ler no próprio barracão", afirmou o biólogo Luiz Fernando
Cireia, 31, incentivador e usuário do projeto.
Empresas
de Mirassol também têm feito doações, que vão possibilitar, inclusive, a
ampliação da área, de acordo com Cleuza.
Com
salário de R$ 500 mensais, (salário mínimo na época) os catadores terão um pequeno acréscimo de renda,
ainda não calculado, graças à venda de alguns títulos.
Mas Cleuza
garante que o objetivo não é financeiro, é dar aos colegas a oportunidade de
ler esses livros.