Gente que faz:
Cida e Osvaldo Oshi
Vivem em uma propriedade próxima
ao Parque Estadual da Serra do mar. O
pai de Osvaldo chegou à região de Parelheiros em meados da década de 1950,
dedicando-se ao plantio de hortaliças. A partir de 1960, iniciou uma plantação
de caqui. No tempo dele já se ouvia falar em cultivo orgânico, “essa terra,
quando ficar pobre, não vai dar mais nada” diziam. Há aproximadamente 10 anos,
o Sr. Osvaldo não usa agrotóxicos. Sua terra é fértil e abriga uma vasta
produção de suculentas caquis.
ONDA VERDE
Na fila do supermercado, o caixa diz a uma senhora
idosa:
A senhora deveria trazer suas próprias sacolas
para as compras, uma vez que sacos de plástico não são amigáveis ao meio
ambiente.
A senhora pediu desculpas e disse:
No meu tempo não havia essa onda verde.
O empregado respondeu:
Esse
é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. Sua geração não se preocupou
o suficiente com nosso meio ambiente.
Você está certo - responde a idosa senhora - nossa geração não se preocupou adequadamente com
o meio ambiente.
Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de
refrigerante e cerveja eram devolvidos à loja. A loja mandava de volta para a
fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e eles, os
fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas outras vezes.
Realmente não nos preocupávamos com o meio ambiente
no nosso tempo. Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes nas
lojas e nos escritórios. Caminhamos até o comércio, ao invés de usar o nosso
carro de 300 cavalos de potência a cada vez que precisamos ir a dois
quarteirões.
Mas você está certo. Nós não nos preocupávamos
com o meio ambiente. Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não
havia fraldas descartáveis. Roupas secas: a secagem era feita por nós mesmos,
não nestas máquinas bamboleantes de 220 volts. A energia solar e eólica é que
realmente secavam nossas roupas. Os meninos pequenos usavam as roupas que
tinham sido de seus irmãos mais velhos, e não roupas sempre novas.
Mas é verdade: não havia preocupação com o
meio ambiente. Naquela época tínhamos somente uma TV ou rádio para todos casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um
lenço, não um telão do tamanho de um estádio; que depois será descartado como?
Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos
porque não havia máquinas elétricas, que fazem tudo por nós. Quando embalávamos
algo um pouco frágil para o correio, usamos jornal amassado para protegê-lo,
não plástico bolha ou pellets de plástico que duram cinco séculos para começar
a desaparecer. Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina ou a eletricidade apenas para cortar
a grama, era utilizado um cortador de grama que exigia músculos. O exercício
era extraordinário, e não precisava se ir a uma academia e usar esteira que também
funciona a eletricidade.
Mas você tem razão: não havia naquela época
preocupação com o meio ambiente. Bebíamos diretamente da fonte, quando
estávamos com sede, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora
lotam os oceanos. Canetas: recarregávamos com tinta umas tantas vezes ao invés
de comprar outra. Para se barbear, os homens usavam navalha, ao invés de jogar fora todos os
aparelhos 'descartáveis' e poluentes só porque a lâmina ficou sem corte.
Na verdade, não tivemos uma onda verde naquela época. As pessoas tomavam o bonde ou ônibus e as crianças iam para a escola em suas
bicicletas ou a pé, ao invés de usar a mãe como um serviço de
táxi 24 horas. Tínhamos somente uma tomada elétrica em cada quarto, e não um quadro de
tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós não
precisávamos de um GPS para receber sinais de satélites a milhas de distância
no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.
Então, porque a atual geração que fala tanto em meio ambiente, não
quer abrir mão de nada e não pensa em viver, somente um pouquinho, como na minha época?
É minha gente........anos bem vividos.....